17/12/2022

10 vezes que Gal Costa me arrepiou


Cá estou eu, num fim de semana de folga (raro nos dias de hoje) e parei para refletir sobre 2022 e esse ano tenso que chega ao fim. Graças a Deus, né.

Mas lembrei que não fiz nenhuma homenagem à Gal Costa, uma das vozes mais importantes do nosso país e que tive o privilégio de conferir ao vivo na turnê Recanto em 2013. Um show potente, revelador e arrepiante.

Gal Costa no show "Recanto" na Virada Cultural de SP em 2013

E eu assistira a baiana novamente este ano na primeira edição brasileira do Primavera Sound (novembro), mas o show dela teve que ser cancelado, na época por questões de saúde, por Liniker (que foi ma-ra-vi-lho-sa!). Mas assim: Gal é Gal, né.

Sou um cara que adora homenagens e não tenho problema em olhar para trás. Sei que isso pode aguçar minha melancolia, mas não posso evitar de criar aqui uma mini homenagem ao trabalho de Gal que, para mim, tocou na alma e me gerou arrepios em tantas ouvidas em Cds, vinis e mp3. 

Separei meus "top 10" momentos preferidos dela, que humildemente compartilho aqui com quem chegar chegando nesse blog. Bora lá?

Dar a maior importância

A melodia é inebriante, com a voz de Gal me deixa "bêbado" imediatamente. A faixa, escrita por Caetano Veloso, fala de um "clima que rolou entre os dois". E adoro a forma que ele põe na letra pensamentos que são tão reais, quase como um "pensamento dito em alto e bom som". Nesse especial, Gal esbanja sensualidade na performance e no look insinuante, chic demais. 

A faixa ganhou um cover por Marina Sena (também adoro), que coincidentemente, faz aniversário no mesmo dia de Gal (26 de setembro). Não bastava ser inspiração pra a mineira, precisava ser gêmea também. Ouça a versão de Marina aqui.

Lanterna dos Afogados - com Herbet Viana

Gal sempre foi sinônimo de humildade, sempre curtiu trabalhar com "a moçada iniciante", acredito que por ter sido uma interprete e não compositora de grande parte dos seus hits. E nesse Acústico MTV de 1997 (eu com 11 anos), ela trouxe ao palco o vocalista do Paralamas do Sucesso porque admirava suas letras e melodias. Já amava a faixa, com esse feat. o amor por ela cresceu ainda mais.


Meu nome é Gal

Uma das faixas mais icônicas dela, escrita por Erasmo e Roberto, ela conseguiu transferir o vocal único dela para uma faixa na qual ela brinca com os riffs de guitarra. É sensacional! 


A letra fala sobre ocupar espaço, nem que seja no grito. E, segundo minha pesquisa, a letra dos dois representava a busca por respeito e reconhecimento. Deu certo!

Brasil

Gal era conhecida pela coragem e por usar sua voz para faixas potentes como essa, escrita por Cazuza, é mais uma que virou ícone. Ainda mais com essa performance visceral, com peitos de fora durante a turnê de 1994, "O Sorriso do Gato de Alice". É arrepiante e ainda tão atual. 

A faixa também foi trilha da novela Vale Tudo, clássica e conhecida pela retomada do à democracia. A novela falava sobre a ganância, independente de qual classe social do povo. 

 

Futuros Amantes

Essa música de Chico Buarque, que conheci graças à novela História de Amor (hehehe), ganhou outra versão por Gal. Tão doce e afagante. Me ajudou a compreender que o amor precisa ser calmo, no seu tempo e do seu jeito. É apaixonante. "Não se afobe não que nada é pra já..". 

Luz de Tieta com Caetano Veloso

Como uma boa criança dos anos 1990, o ritmo Axé era liberado e obrigatório lá em casa. E, claro, esse batuque todo da trilha da versão cinematográfica de Tieta chegou de certeiro e não parava de tocar. E, até hoje, ganha destaque em minhas discotecagens. 

Sua estupidez

Conheci essa faixa graças a um ex-boy, que me pediu desculpas mandando essa mp3 pelo msn. A faixa é uma p#t@ declaração de amor, naquele clima de "ou é tudo ou nada". Adoro também esse vídeo, super "estourado" mas que transmite perfeitamente os anos 1970.

Minha mãe com Maria Bethânia

Essa é a música que já me dá uma "engatada na garganta"nos primeiros segundos, pois essa letra fala sobre o amor de um filho que perde a mãe e, que mesmo anos depois, o sentimento de amor e saudade são reverberastes. Quando a dor da perda se torna saudade. E a voz dessas duas...pelamordi!

Neguinho

Moderna e abusada, essa faixa eletrônica fala sobre nós, brasileiros. Sobre nossas falhas, sobre fake news, sobre soberba, a nossa cegueira perante a realidade do nosso país. Que muitas vezes somos conhecidos como um povo que quando adquiri poder e grana "se acha rei". Um tapa na cara mas necessário.

Não identificado

Já no seu debut, de 1969, Gal trouxe esse som moderno com esse "tecladinho brega" que representa tanto nosso país. O disco também trouxe a eterna "Baby", mas achei clichê demais, então escolhi essa que também conquistou o diretor Kleber Mendonça Filho e ganhou destaque no filme "Bacurau" (2019), elevando a faixa romântica para trilha de filme de ficção científica. Ah, outro fanzoco dela é o ator Elijah Wood (Frodo de Senhor dos Anéis), que fez questão de falar super bem dela nesse vídeo.

 

Enfim...

"A gente nasceu pra isso, pra ter poder. De transformar, de fazer alguma coisa boa" - Gal Costa

Escrevendo esse texto, relembrando de histórias e músicas, foi complicado copilar só 10 faixas - ainda mais eu, brasileiro e noveleiro. Gal teve mais de 30 músicas em trilhas de novela, que é algo imenso para nosso país em nível de alcance. Mas, não só isso, Gal é sinônimo de inteligência, sensualidade e poder, como a mesma fez questão de falar nesse último vídeo, ao lado da pupila Marina: 

08/09/2022

Pensamento: vale virar um robô para hitar nas redes sociais?

Quão longe devemos ir para hitar nas redes? Dancinhas, maquiagem, diárias na academia fazem parte do "plano de 15 minutos de fama" da atualidade. 

Estamos todos buscando validação, não se engane. Para trabalhar, precisamos de aprovação. Caso sejamos empreendedores, precisamos de visão, presença e o famigerado like em nossos posts. Partindo disso, a nova música da cantora inglesa M.I.A. (de origem indiana) é uma ironia dos tempos que vivemos.

"Popular" por M.I.A. 

"Eu tenho as melhores suítes, eu tenho o melhor lençol/ Eu tenho os melhores assentos, melhores sapatos nos meus pés" (trecho de "popular").

Na música, ela debocha do sentido de popularidade dos dias de hoje: tudo é sobre mim, me ame como eu me amo, alimente meu ego. Seja no instagram ou TikTok, todos estão em busca de autoafirmações e like. Quanto mais, melhor. 

M.I.A. e sua "robô humanoide"

Música & Clipe
Com a nítida influência das batidas de Reggaeton, ritmo que parece ser obrigatório nos artistas mundialmente populares, a música me cativou muito. Seja pelo ritmo, mas principalmente pela ironia. Alguém que vive uma carreira alternativa consegue observar melhor, e de fora, desse "mundo online" repleto de futilidade e mendigação de números. 

O clipe é uma incógnita até então pra mim, meu lado "videomaker", afirma que a outra personagem (a robô) é uma dançarina usando uma máscara réplica da cantora. A imaginação vai além e acredita na narrativa que é na verdade "uma robô". O making of continua gerando essa dúvida. 

O dano do like nos dias de hoje

Nesses anos todos de criação de conteúdo e estudo de comunicação , minha eterna dúvida é se vale a pena se robotizar? Deixar sua individualidade para se igualar a zilhões de pessoas ao redor do mundo? Na minha experiência, eu digo que não. Já busquei, já tentei me "enformar" mas a infelicidade sempre veio acompanhada dos "Ks".

Não sou contra a comunhão que as redes podem causar. Seja para alegria mental, o desafio do novo, a autodescoberta e aceitação. Mas, por mais que milhões de pessoas ganhem dinheiro vendendo sua intimidade (ou forjando uma), quais serão as consequências disso? 

Eu não me excluo desse problema social que as redes sociais se tornaram, num estudo feito no Reino Unido (fonte aqui), fala que estamos tão viciados na "vida online" que pode se comparar ao vício de cigarro e álcool. Ao meu ver, isso se torna ainda pior porque diferente dessas drogas, que se precisa ir na esquina para "consumir", o vício por dopamina (gatilho de recompensa quando se recebe um like) é atingido assim que você acorda e usa o celular. Já se percebeu fazendo isso diariamente?

Questione-se

Eu tenho esse blog pessoal desde 2009, e não sei dizer quantas mudanças a internet, redes sociais e criação de conteúdo mudaram de lá pra cá. O critério, a pesquisa, o respeito ao intelecto do espectador foram jogados no lixo. E analiso "do lado de cá" (de quem cria), quem consome diariamente pode ser alvo fácil de estímulos errados.

Todos nós estamos em busca de ser compreendidos, aceitos, termos sentido de pertencimento e acolhimento, mas a linha que nos separa da robotização não está tão longe. Afinal, quem manda ainda é você ou o algoritmo?