08/09/2022

Pensamento: vale virar um robô para hitar nas redes sociais?

Quão longe devemos ir para hitar nas redes? Dancinhas, maquiagem, diárias na academia fazem parte do "plano de 15 minutos de fama" da atualidade. 

Estamos todos buscando validação, não se engane. Para trabalhar, precisamos de aprovação. Caso sejamos empreendedores, precisamos de visão, presença e o famigerado like em nossos posts. Partindo disso, a nova música da cantora inglesa M.I.A. (de origem indiana) é uma ironia dos tempos que vivemos.

"Popular" por M.I.A. 

"Eu tenho as melhores suítes, eu tenho o melhor lençol/ Eu tenho os melhores assentos, melhores sapatos nos meus pés" (trecho de "popular").

Na música, ela debocha do sentido de popularidade dos dias de hoje: tudo é sobre mim, me ame como eu me amo, alimente meu ego. Seja no instagram ou TikTok, todos estão em busca de autoafirmações e like. Quanto mais, melhor. 

M.I.A. e sua "robô humanoide"

Música & Clipe
Com a nítida influência das batidas de Reggaeton, ritmo que parece ser obrigatório nos artistas mundialmente populares, a música me cativou muito. Seja pelo ritmo, mas principalmente pela ironia. Alguém que vive uma carreira alternativa consegue observar melhor, e de fora, desse "mundo online" repleto de futilidade e mendigação de números. 

O clipe é uma incógnita até então pra mim, meu lado "videomaker", afirma que a outra personagem (a robô) é uma dançarina usando uma máscara réplica da cantora. A imaginação vai além e acredita na narrativa que é na verdade "uma robô". O making of continua gerando essa dúvida. 

O dano do like nos dias de hoje

Nesses anos todos de criação de conteúdo e estudo de comunicação , minha eterna dúvida é se vale a pena se robotizar? Deixar sua individualidade para se igualar a zilhões de pessoas ao redor do mundo? Na minha experiência, eu digo que não. Já busquei, já tentei me "enformar" mas a infelicidade sempre veio acompanhada dos "Ks".

Não sou contra a comunhão que as redes podem causar. Seja para alegria mental, o desafio do novo, a autodescoberta e aceitação. Mas, por mais que milhões de pessoas ganhem dinheiro vendendo sua intimidade (ou forjando uma), quais serão as consequências disso? 

Eu não me excluo desse problema social que as redes sociais se tornaram, num estudo feito no Reino Unido (fonte aqui), fala que estamos tão viciados na "vida online" que pode se comparar ao vício de cigarro e álcool. Ao meu ver, isso se torna ainda pior porque diferente dessas drogas, que se precisa ir na esquina para "consumir", o vício por dopamina (gatilho de recompensa quando se recebe um like) é atingido assim que você acorda e usa o celular. Já se percebeu fazendo isso diariamente?

Questione-se

Eu tenho esse blog pessoal desde 2009, e não sei dizer quantas mudanças a internet, redes sociais e criação de conteúdo mudaram de lá pra cá. O critério, a pesquisa, o respeito ao intelecto do espectador foram jogados no lixo. E analiso "do lado de cá" (de quem cria), quem consome diariamente pode ser alvo fácil de estímulos errados.

Todos nós estamos em busca de ser compreendidos, aceitos, termos sentido de pertencimento e acolhimento, mas a linha que nos separa da robotização não está tão longe. Afinal, quem manda ainda é você ou o algoritmo?