22/12/2009

[CINEMA]: Do Começo ao Fim - Ué, e o meio?

Uma das minhas missões em minha pequena (ou nem tanto) temporada em Belo Horizonte é de poder assistir filmes que não terei a oportunidade de ver em minha querida cidade Manaus. Minha jornada cinematográfica começou com o tão esperado e polêmico (?) “Do começo ao fim” e eis, que começo aqui, a expor meus pensamentos sobre o filme, e para não ter dúvidas fiz um “parêntese” final só para os quesitos técnicos que acho que precisam ser destacados.

Eu criei certa expectativa pelo filme, mesmo sem saber exatamente sobre o que se tratava. Para quem não sabe o filme conta a história de um casal normal, classe alta do Rio de Janeiro, onde a esposa tem um filho no primeiro casamento e outro no atual. A vida continua, o ex-marido morre, depois ela também e adivinha? Os dois irmãos se amam, mas de uma forma além da fraternal. Adivinha o que mais? Isso é “super normal”, sendo assim, o pai, após a morte da esposa, presenteia a casa da família para os dois, já homens, morarem juntos e fazerem muito amor forever and ever. Fim do filme.
Eu não quero desmerecer o filme, pois acho que foi de uma coragem imensa a iniciativa de criação, produção e veiculação do mesmo, ainda mais num país tão hipócrita. Mas a vida não é simples assim como vemos no filme.
É muito fácil você ver na tela do cinema dois homens extremamente bonitos se beijando e achar “normal”, mas é fácil assim? A vida para quem é gay é fácil assim? E outra, os dois são irmãos. IRMÃOSDE SANGUE. E não existe grandes conflitos entre a família, amigos e sociedade, tampouco entre eles. Tudo é muito simples, fácil, meigo e romântico.
O filme é de uma boa produção, boas atuações – Júlia Lemmertz consegue carregar o filme todo nas costas na primeira fase do filme, ao contrário de Fábio Assunção que já deveria estar enterrado há muito tempo. Os dois meninos (Lucas Cotrim e Gabriel Kaufmann) da primeira fase estão bem também, ainda mais porque sabemos da dificuldade que é trabalhar com criança, digo isso no quesito “drama”. Agora, os dois rapazes (Rafael Cardoso e João Gabriel Vasconcellos) dão um show a parte. Não só pela beleza, mas convencem muito bem e nos levam além.


Depois de sair do cinema, pensei bastante sobre o filme, analisando exatamente como seu título instiga “do começo ao fim” e realmente senti falta do meio, do caroço, do recheio. Cheguei então a conclusões em diferentes pontos. O filme quase chegou lá, mas apesar da “publicidade” de que ele está vendendo, o roteiro passa longe de ser um grande drama, é bem superficial se analisarmos de uma forma maior. Em compensação, parabenizo a iniciativa do seu roterista e diretor, precisa muita coragem para fazer algo do tipo e ele vence por isso.

QUESITOS TÉCNICOS

a) Editores, vamos pensar mais? Vocês só sabem fazer passagens de cena usando fade in e fade out (aquele efeito de aparecer ou escurecer uma cena). Gente, não tinha chegado a 2/4 do filme e eu já estava me retorcendo na cadeira porque não aguentava mais ver tais passagens. Péssimo.

b) Trilha sonora. Pessoal, que musiquinha fraca pra ser tema do filme. Era melhor ter feito um download de um “midi” de graça em algum site na internet. A coisa ainda piora quando a música passa da sua décima execução durante o filme.

c) Para mim, e creio que para qualquer pessoa que queira promover um filme, é inaceitável a falta de combinação de identidade entre promoção e filme. O cartaz do filme utiliza uma fonte marcante e na película, simplesmente, ao mostrar o título é outra fonte, algo como Times New Romam. Vergonhoso.


Por Rafael Froner

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