25/05/2011

Educação no Brasil - Você se preocupa?

Como vocês bem sabem, sempre abri espaço para colaboradores aqui no blog. Muitos deles falaram sobre música, cinema e cultura pop. Desta vez resolvi dar uma de Luisa Marilac e fazer algo de diferente

Minha amiga e leitora do blog Beatriz Beraldo me alertou sobre o video da declaração tocante da professora Amanda Gurgel e perguntou se poderia ter um espaço para debater conosco, pessoas que querem fazer a diferença, o problema constante da Educação em nosso país.  

Partindo disso, Bia fez um post muito interessante e extremamente esclarecedor sobre o assunto - e sei que muitos de vocês vão gostar:

"O grande mérito da internet é que ela deu voz a todos. A grande desgraça da internet é que ela deu voz a todos." 

Olá querido leitor do Pelamordi. Agradeço a sua disposição para ler sobre o meu tema. Primeiramente, gostaria de me apresentar: Beatriz Beraldo, redatora publicitária e finalista do curso de licenciatura em letras. Faço esse curso na Universidade do Estado do Amazonas e uma vez ouvi de um professor da referida universidade que por eu fazer um curso em uma escola pública, teria uma dívida eterna com todos da sociedade (a.k.a. patrocinadores do meu desenvolvimento intelectual). Sinto-me agora, com esta pequena nota, devolvendo a minha sociedade um pouco do que ela me proporcionou aprender.

Finalmente parece que a educação entrou em pauta no nosso país. Tive a felicidade de ver nas redes sociais vários dos meus amigos comentando e compartilhando o vídeo de uma professora de nome Amanda Gurgel, muito esclarecida e muito inteligente proferindo um discurso muito verdadeiro sobre o atual quadro da nossa educação. Louvável! Todos aplaudiram. Vamos discutir? Vamos!

Na mesma semana, entrou em pauta outro assunto que se refere à educação: uma bendita página do novo livro de língua portuguesa distribuído pelo MEC. A mencionada página traz como exemplo a seguinte frase: “Os livro ilustrado mais interessante estão emprestados”. Alguém leu a frase fora do contexto e em poucos minutos estava a manchete no portal ig: "Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado". Errada está essa notícia, que é um desrespeito a todos os meus mestres e colegas estudiosos da lingüística. A página está aqui, para quem quiser ver. O jornalista que elaborou este título, no mínimo infeliz, está cometendo um erro mais grave do que sugere que o MEC esteja fazendo: não leu, “adivinhou” o que estava escrito. Como estudante de letras, tive aulas de lingüística e cito Sírio Possenti que diz que há vários estudos que comprovam que é muito mais eficiente ensinar para o seu filho/aluno que existem duas formas de falar: “os livro” (popular) e “os livros” (norma culta) do que simplesmente virar pro menino e dizer que ele é burro de falar sem concordar o plural e que ele tem que reinventar o seu modo de falar – ao passo que quando ele for na banca de revistas, ou na casa do coleguinha, vai ouvir a linguagem popular sendo utilizada.

Todo mundo já falou sem plural. Todo mundo já falou “tava” (isso não é verbo você sabia?). Todo mundo que fala língua portuguesa tem que saber que ela é uma língua viva! Está em constante movimento. Há tempos atrás Vossa Mercê passou a vosmicê que passou a você, só pra citar um exemplo. Os lingüistas sempre procuraram uma maneira de tirar o preconceito lingüístico das escolas. Essa é uma tentativa. É discutível? Claro que é (assim como o salário dos professores, as condições de trabalho e etc)! Vamos discutir? Vamos! Mas, vamos antes nos informar mais um pouco? Criticar sem base, sem informação é o que chamamos na minha outra área de atuação de “engenheiros de obra pronta” – são muito bons pra apontar os erros, mas na hora de botar a mão na massa, não aparecem. Estamos tentando melhorar a educação, não estamos? Tenho uma sobrinha que esta aprendendo a ler e pretendo que os meus e os seus filhos, caros leitores, tenham uma educação escolar ainda melhor do que a que ela tem hoje, e que nasçam também em um país de gente séria e bem informada que se preocupa em observar as fontes antes de jogar uma manchete parcial e errônea na internet.

* Como estudante de letras, Beatriz Beraldo realiza estágio como professora de língua portuguesa e literatura do ensino médio em escola da rede estadual.

Links úteis:
Página do livro do MEC:
Artigo citado de Sírio Possenti:
A opinião de Marcos Bagno:

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3 comentários:

  1. Este assunto é tão importante! E sua importância é tão pouco valorizada...
    Falar sobre educação, pensar sobre educação é fundamental até porque não se trata apenas dos conhecimentos formais passados pela escola. Os anos acadêmicos são decisivos na formação da CIDADANIA e tenho certeza, no caráter de qualquer pessoa.
    Reflexos de nossa educação doente são vistos a cada esquina, quando algo é jogado no chão, nas vias de trânsito quando não se respeitam as sinalizações obrigatórias ou simplesmente numa mera conversa em que todos falam ao mesmo tempo.
    Bacana a iniciativa Bia e Rafa!

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  2. Sheila, excelente o seu comentário. Concordo. Obrigada pela sua contribuição!

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  3. Primeiro, parabéns ao Pelamordi por deixar um espaço como esse, onde assuntos tão bacanas possam ser discutidos.

    Segundo, Parabéns Beatriz Beraldo pelo texto!!!

    É fato que a educação precisa de melhorias, e não estou aqui para por a mão na massa, até porque pouco entendo, e até então; apesar de reconhecer a intenção do MEC eu não concordava. Mas, a partir de sua explicação; comecei a abrir espaço até para essa discussão.

    Muito interessante seu texto, parabéns mais uma vez.

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