24/11/2010

O get together para ver o Sr. Paulo

Vou contar, em suma, tudo ao redor da minha história pra esse show.

Desde o início do ano venho dizendo que iria ter um show do Paul McCartney por aqui – eu realmente acreditava nisso. E foi confirmado e logo de cara entrei em contato com dois amigos que simplesmente levam esse assunto a sério. Desses dois, um realizou o sonho: o Thiago.
E admito que tudo ao redor desse show, até mesmo a história de eu só pegar um ingresso na véspera do show, foi pra ver o sorriso estampado na cara do meu amigo. Escuto, há anos, ele cantarolando e tocando as músicas, tornando-as parte da vida dele. E nada mais justo, nada mais verdadeiro do que ir a esse show e ver uma pessoa se realizar como ele. 

Cheguei à fila só pela tarde, mas meu amigo já estava de prontidão desde antes das seis da manhã do domingo. Isso resultou em nos posicionarmos praticamente na grade (o que claro aconteceu no momento em que todo mundo começou a pular). Esperar as horas finais dentro do Morumbi, vê o público tomar conta do espaço, ouvir a contagem regressiva entre fãs para o início do show... Isso tudo, minha gente, é contagiante e faz você vivenciar aquilo tudo como nunca.
E chegou a hora. Era 21h30 e um vídeo começou, as imagens escolhidas cuidadosamente passavam e o público começava o alvoroço. Postais de Liverpool passavam e meu coração apertava por saudades dos meus dias lá, das pessoas que conheci lá. Fotos dos Beatles e principalmente do amor mais lindo que um dia já vi: Linda e Paul.

E então ele entra, e todo um estádio reverencia a pessoa e o artista que ele é. Paul McCartney, como um dia disse um cara no twitter, é o Roberto Carlos do mundo.
Eu já não sentia dor, já não ligava pra minha pressão e nem me importava com minha sede. Só sentia todos aqueles fãs ao meu lado transbordando alegria, emoção e principalmente: realização de vida em estar ali. Naquele momento tudo era contagiante.

Eu chorei logo em All My Loving (vide que ela nem lenta ela é, mas vai entender...). Essa música diz tudo pra minha vida e a saudade que sinto da minha casa, da minha mãe principalmente. Naquele instante meu ingresso valeu todinho, e olha que essa música nem tem três minutos de duração. Mas parecia que eu revivia todas as coisas que nunca consegui esquecer, e que a única coisa que realmente me mantém sã é a saudade que sinto das pessoas certas.
 
Daí em diante eu aproveitei o show e perdi noção das palavras. Pensei que nada mais me tiraria lágrimas. Mero engano. Ele tocou Something e meu coração sumiu, fiquei sem ar de tantas lágrimas e a saudade emergiu em mim sem controle. Saudades é algo que te tira forças, meus queridos, ainda mais quando é de quem você ama incondicionalmente e pra sempre. E naquele instante, era de saudade que eu respirava e sentia, e o Paul... aaaaah o Paul, ele fazia minha saudade sobressair.

Depois disso desisti de ficar na grade, precisava respirar e sentir meu corpo em temperatura normal. Larguei meu amigo no meio do povo e fui para o fundo. Sentei em um lugar que via o telão por completo, e prestava atenção no Paul como criança de três anos quando aprende a notar as cores.

E estou eu lá, curtindo, respirando normalmente, ficando rouca e um indivíduo me surpreende com a dança mais confusa e divertida dos últimos tempos durante Ob-La-Di, Ob-La-Da. Eu super me diverti com as danças dele, e não sendo bastante: ele ainda se despiu durante Live And Let Die e chorou com a cabeça coberta durante Hey Jude. Muito amor gratuito por esse indivíduo!

Depois disso, dessa diversão louca, foi o momento final. Curtir os dois bis foi o começo para aceitar que aquela experiência estava chegando ao fim. Cantei junto, fiquei emocionada mais uma vez e suspirei. É uma das recordações mais vivas que vou levar pra sempre comigo.

Voltar pra casa, ao lado do meu amigo extasiado, foi uma das sensações mais bonitas da minha vida. E o Senhor Paulo? É de verdade, de carne e osso, e até cai. Mas é mais forte do que eu, porque ele cai e não torce o pé como sempre acontece comigo.
Não tenho palavras suficientes para definir ou dizer qualquer outra coisa sobre ontem. Só digo que foi lindo, foi um espetáculo. Tenho certeza que haverá dias que vou me pegar lembrando dessa noite memorável e simplesmente sorrir.

Set List
Venus And Mars/Rock Show
Jet
All My Loving
Letting Go
Drive My Car
Highway
Let Me Roll It/Foxy Lady
The Long and Winding Road
1985
Let 'Em In
My Love
I've Just Seen a Face
And I Love Her
Blackbird
Here Today
Dance Tonight
Mrs Vanderbilt
Eleanor Rigby
Something
Sing The Changes
Band On The Run
Ob-La-Di, Ob-La-Da
Back In The USSR
I've Got a Feeling
Paperback Writer
A Day in the Life/Give Peace A Chance
Let It Be
Live And Let Die
Hey Jude

Bis 1
Day Tripper
Lady Madonna
Get Back

Bis 2
Yesterday
Helter Skelter
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band/The End

Por Bruna Cabo Verde

2 comentários:

  1. "Realização de vida em estar ali". Bom, eu também senti isso. Acho que qualquer palavra pra descrever o show é totalmente insuficiente. Cada um sentiu e curtiu de um próprio jeito. 64 mil visões diferentes de um mesmo evento e, ao mesmo tempo, iguais.
    Obrigado, Paul.

    PS: Eu chorei em The Long And Winding Road. E em Hey Jude. E em Yesterday.

    ResponderExcluir
  2. Olha que nem sou fã de Paul, tampouco conheço mais de 5 músicas do set, mas fiquei emocionado com a experiência.

    Esse deve ser o tipo de show que vai valer a pena contar pros netinhos...mesmo que não sejam os seus, rs.

    ResponderExcluir

O que você acha?