26/11/2013

Review do ARTPOP: " Valeu a pena esperar 2 anos pelo novo disco da Lady Gaga?"

Aqui está um dos reviews mais pedidos pelos leitores. Depois de 2 anos de folga, polêmica, cirurgia e muita polêmica, Lady Gaga está de volta para mais uma era que promete divertir e nos fazer questionar. Confiram o review do nosso colaborador Diego Toledano:



Segundo a minha biblioteca do Last.fm, ouvi as músicas do novo álbum de Lady GaGa mais de 200 vezes nas últimas duas semanas - tempo que as faixas finalizadas caíram na Internet graças ao lançamento adiantado em Hong Kong. O acúmulo de replays deve-se, além do fato de eu ser um fã declarado da novaiorquina, à dificuldade de compreender o disco. Sim, ‘ARTPOP' não é um disco pop comercial de fácil entendimento como ‘The Fame’ e ‘The Fame Monster’.



‘ARTPOP' é a evolução de GaGa desde ‘Born This Way’ - um trabalho com ótimas letras, mensagens mais “profundas" que os anteriores, feito às pressas, coberto em uma identidade visual confusa. Antes de analisarmos música por música, devo adiantar alguns pontos:

1) GaGa canta nesse ábum como em nenhum outro. Sim, sabemos que a loira/ruiva/morena/de-cabelo-azul canta lindamente ao vivo, mas o potencial vocal da cantora nunca havia sido explorado antes em estúdio. 

2) Pessoalmente, ainda não havia ouvido um álbum pop tão bem produzido quanto ‘ARTPOP’. Meses antes do lançamento, GaGa alertou os fãs: "‘ARTPOP’ deve ser ouvido com fones; os auto-falantes do seu computador não fazem jus à produção que estamos fazendo”. Instrumentos límpidos associados a sintetizadores eletrônicos europeus, revezamento de pólos e a voz clara de GaGa fazem de ‘ARTPOP' uma obra-prima. 

3) Amor e sexo estão em todas as nuances do álbum, desde a mais óbvia ‘Sexxx Dreams’ até a sufocantemente produzida ‘Swine’.

Vamos lá:

Aura: Não se deixe enganar pelo violão acústico, ‘Aura' é uma faixa dançante e escura de ‘ARTPOP’. A música, que faz parte da trilha sonora de ‘Machete Kills 2’, foi a primeira (e única?) a vazar do novo trabalho de GaGa. A falecida ‘Burqa’ é apenas a ponta do iceberg pop, perturbado e produzido do álbum, com letras fortes sobre feminismo. O break de ‘sex, dance, art, pop’ serve para indicar o que vem pela frente - além de te ajudar a chamar atenção numa festa. Love it, love it, love it. 



Venus: Gente, essa mulher é maravilhosa. Além de compor cada uma das faixas e atuar na produção instrumental de cada uma delas, GaGa resolver produzir sozinha a segunda faixa do disco. ‘Venus' é onde percebemos pela primeira vez o potencial da voz de GaGa em estúdio. Confesso que achei as letras incoerentes quando a cantora as lançou semanas antes da divulgação do single; mas, como tudo que GaGa faz, o visual das performances da música fez com que a música ganhasse significado. GaGa, produza mais músicas sozinha, pfvr. ‘Venus' é o início da viagem sexual espacial em que a cantora leva o ouvinte durante as duas faixas seguintes.


G.U.Y.: GaGa é uma feminista e isso fica ainda mais explícito quando prestamos atenção nas letras da terceira faixa, que falam sobre como uma mulher não é mais fraca em um relacionamento por preferir ser submissa na cama. Mas não dá pra falarmos apenas sobre as letras, porque ‘G.U.Y.’ é uma música cheia de camadas. Assim: muito mesmo. Várias referências eletrônicas trazidas pelo jovem produtor europeu Zedd, várias nuances da voz da GaGa, além de narrativas que nos levam de volta à (linda) era ‘The Fame Monster’. É a parte 2 da trilogia sexual de Stefani no álbum.


Sexxx Dreams: Pra finalizar os trabalhos sexuais, GaGa nos dá um verdadeiro orgasmo musical com ‘Sexxx Dreams’, um diálogo interno da cantora sobre como ela teve sonhos danados com outra pessoa além do namorado - cuidado, Taylor. É uma celebração ao glam rock da década de 80, com letras que mostram um conflito entre a culpa e o prazer trazido por uma "traição"mental. Assim, gente: é música pra coisar mesmo. 


Jewels N’ Drugs: Fazer featurings é um artifício arriscado e pode resultar na desvalorização do trabalho de um artista - vide Nicki Minaj. Porém, GaGa foi muito coerente na quinta faixa do álbum: ela decidiu se aventurar em um ritmo ainda desconhecido por ela nos discos e pensou ‘é melhor trazer artistas que saibam externar minha visão”. Bitch, você acertou. Duvido você não sentir vontade de dançar com essa música como qualquer outra de Jay-Z e Kanye West. Desde a a apresentação no iTunes Festival, fiquei intrigado com a música por dois motivos: a produção magnífica do DJ Whiteshadow, que faz você querer fechar os olhos e sentir a música de verdade; e por ter ficado surpreso com o fato de que a faixa não foi enfraquecida pela parceria de três rappers. 


MANiCURE: Blondie all over ‘ARTPOP’. ‘MANiCURE' tem tudo que mais gosto em GaGa: voz arranhada, bubble-gum pop e é uma faixa empowering. A música é a favorita de Adele do álbum (tá pra ti, maninho?) e é di-ver-são pura, minha gente. É aquela que você ouve, pensa ‘calma, quero mais’ e deixa em replay por um bom tempo. Ainda assim, aconselho você a seguir em frente, porque GaGa ainda tem muito ear candy.


Do What U Want: Antes da performance da cantora dessa música no X-Factor britânico, eu pensei que era uma faixa que faria parceria com ‘Sexxx Dreams’ na vertente sexual de ‘ARTPOP’. Mais tarde, porém, vi que é uma música com profundidade despercebida à primeira vista sobre como nada pode afetar a essência de alguém - mesmo que tudo seja feito fisicamente com uma pessoa.  A voz de GaGa é purrrrrfection nos versos ‘I would fall apart if you break my heart, so just take my body and don't stop the party’. Ah, e tem R. Kelly, gente! E preparem-se, porque a faixa é o segundo single e receberá clipe novo em breve com a direção do lindo Terry Richardson.


Artpop: GaGa sabe criar uma atmosfera que transcende a experiência de apenas ouvir música. ‘Artpop' é o desabafo de qualquer artista embalsamado em produção eletrônica etérea. As diversas camadas da cantora estão presentes nessa também, com coros no background. É outra música do álbum que deve ser ouvida de olhos fechados, mas aconselho você a abri-los logo após ‘Free my mind, Artpop, you make my heart stop’, porque GaGa manda porrada em seguida.


Swine: No início dessa resenha disse que ‘Swine' é uma faixa sufocantemente produzida e agora chegou a hora de explicar: os intervalos entre a bridge e o chorus (feitos por DJ Whiteshadow <3) causam falta de ar fisicamente - sério. Os instrumentos crescentes dão a impressão de que você vai sufocar, como a subida em uma montanha russa, para depois te afundar em dubstep e gritos roucos de GaGa. ‘Swine’ é a prova de que música pop não deve ser desvalorizada pelo simples fato de ser comercial/dançante. A faixa fala sobre como GaGa percebeu que a pessoa com quem está envolvida não é um lado bom na vida dela, é ‘Swine’ - termo extremamente ofensivo na cultura europeia. 


Donatella: Pega o champagne e liga a TV em Gossip Girl (sdds <3). Em homenagem à amiga diretora da Versace, GaGa inicia a música de um jeito lindo “check out: I’m blode, I’m skinny, I’m rich and I’m a little bit of a bitch”. ‘Donatella' é uma faixa que chama atenção pela produção e pelo refrão completamente catchy. Believe me: você vai ficar gritando “DONATELLA!” o dia inteiro. Embora o álbum claramente não tenha intenção de ser altamente comercial, acho que a faixa venderia muito bem como single.



Gaga virou Donatella em nova campanha da Versace

Fashion!: Moda é um dos pontos mais importantes da expressão artística de GaGa e, na minha opinião, demorou bastante pra que uma música como ‘Fashion!’ saísse. ‘Looking good and feeling fine’ será seu novo mantra na hora de se vestir. Agregados à produção impecável, versos como ‘married to the night’ mostram como a obra de GaGa deve ser analisada como um conjunto, e não algo individual. 


Já tem gente por aí comparando a música com ‘Fashion' de David Bowie, lançada no ‘Scary Monster’ e só tenho uma coisa a dizer: ouça Bowie antes de comparar as duas músicas simplesmente pelo nome - elas são completamente distintas. 

Mary Jane Holland: fãs de ‘Blood Mary’, essa é pra vocês. Quando disse mais cedo que ‘ARTPOP' é a evolução de GaGa desde ‘Born This Way’, eu estava falando sobre como referências do trabalho estão presentes no novo disco com nova roupagem, seja na produção ou na composição.  ‘Mary Jane Holland’ trata-se do alter ego sujinho, alternativo underground da novaiorquina. A música fala sobre uma mulher que está em contato com os desejos mais escuros que curte puxar um fumo - olhem o nome dela, pfvr, né, gente? É a homenagem de GaGa ao próprio lado menos pop e não tem como não se arrepiar quando a cantora grita ‘Introducing, ladies and gentlemen, Mary Jane Holland!’. 


Dope: Saindo da fumaça trazida por ‘Mary Jane Holland’, GaGa se arrepende de ficar chapada e traz a linda ‘Dope’, também conhecida como falecida ‘I Wanna Be With You’. A 13ª faixa de ‘ARTPOP' mostra uma GaGa fragilizada e culpada por ter deixado vícios influenciarem no relacionamento com alguém e com vocais mais trabalhados que nunca. 


Confesso que não gostei da readaptação da balada assim que a ouvi, mas, enquanto destrinchava o álbum pra fazer essa resenha, percebi que GaGa só reajustou as letras pro que realmente queria dizer com a melodia. A faixa fica ao lado de ‘Speechless' no ranking de baladas da cantora e já sonho com a performance no ‘ARTPOP Ball’.

Gypsy: GaGa segue na linha romântica do final do disco com ‘Gypsy’, uma mid-tempo que cresce para uma eletrônica repleta de dubstep que vai te fazer pular em casa, na balada, no trabalho, na faculdade, etc. A faixa fala sobre como é difícil conciliar um amor e uma vida de viajante. A penúltima faixa do álbum é mais uma prova da capacidade vocal de GaGa e espero que seja como ‘Hair’, que ganhou versão ao piano nos shows.


Applause: O primeiro single de ‘ARTPOP' encerra os trabalhos de GaGa no novo álbum. A produção de DJ Whiteshadow mais uma vez brilha no disco (sério, amo esse homem), em uma música sobre como GaGa tira a energia para trabalhar dos fãs. Ao contrário do que críticos têm dito, a cantora alegou que a faixa não quer dizer que ela é uma fame-whore, e sim um agradecimento aos seguidores que a ajudaram a passar pelo período em que precisou cancelar a ‘Born This Way Ball’. A gente já não tem muito o que dizer, a não ser que é uma faixa ótima para encerrar o disco, principalmente com A-R-T-P-O-P no final (desafio você a ouvir ‘Applause' sem fazer com as mãos). Confere o clipe abaixo:




Review escrita no dia 15/11/13 por Diego Toledano

Por fim, devemos agora aguardar por um material rico de informações e muitas perucas e shows. ARTPOP é, sem dúvida, o retorno a prestar atenção mais em Gaga - já fui muito fã em 2009/10 e fiquei um pouco sem tesão em 2011 com o Born this way e a nomenclatura "Little monsters". Mas estou dando uma nova chance à ela e espero não me arrepender. 

PROMOÇÃO


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por Rafael Froner

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